quinta-feira, 14 de maio de 2015

Um novo bebê, uma nova mãe, uma nova família.

É assim, após mais de 2 anos de abandono, reativo esse espaço para compartilhar uma história de amor: o relato da chegada do João Vitor! ❤️ "Para mudar o mundo é preciso antes, mudar a forma de nascer". A frase é do renomado obstetra francês Michel Odent, e refere especialmente ao respeito ao nascimento. Eu particularmente, acrescentaria, para mudar uma mulher, dê a ela o direito de viver integralmente o momento de transformar-se em mãe, incluindo aí a vivência do parto, devolva à mulher o protagonismo desse momento de trazer uma vida ao mundo, de forma mais humanizada possível. Escrevo isso 5 dias após o momento mais intenso de todos os 35 anos de minha vida, 5 dias após PARIR lindamente meu segundo filho da forma mais carinhosa e acolhedora possível. Não é possível contar essa história isoladamente, desconsiderando o nascimento do meu primeiro filho, quase 5 anos atrás. Porque o desejo de um parto natural nasceu junto com a gestação do Giuseppe. E foi intensamente apoiado pela obstetra queridíssima que me acompanhava na ocasião, Dra Mariele Storniolo Campos. A gestação correu muito bem, e o parto foi natural, contudo, hoje avalio que o meu despreparo emocional e físico me levou a solicitar anestesia, o que acabou desencadeando outros procedimentos. Foi um parto lindo, mas ainda faltava sentir meu filho saindo de mim.... Não posso deixar de mencionar o carinho com que fomos atendidos naquela ocasião por toda a equipe do hospital Prontocor, que além da Dra Mariele, contou com a presença do pediatra Dr. Jaime Barros, enfermeira Ana Maria Pinho, entre outros profissionais, essenciais para que eu mantivesse meu desejo pelo parto natural 4 anos e pouco mais tarde. Nesse intervalo, enquanto me transformava em mãe do Giuseppe, li, me informei, estudei... Com o crescimento das redes sociais, cresciam também os grupos de apoio ao parto humanizado. Me inscrevi em vários, procurava leituras que me empoderassem. E assim conheci o grupo Maternativa, em Bauru, e através dele, a Fisioterapeuta e doula Andréia Cristina Eiras Weckert, que foi peça chave para essa realização. Quando iniciei o pré natal do João Vitor, a Dra Mariele havia sido mãe pela segunda vez há poucos meses e estava em licença maternidade... O que a princípio me deixou bastante insegura. Contudo, soube que ela vinha indicando para suas pacientes o Dr. Newriton Alcantara. Consegui agendar consulta com ele ali pelo terceiro mês de gestação. Já na primeira consulta expressei meu desejo por um novo parto normal, e me senti já naquele momento apoiada por ele. Os meses passaram bem rápido. Me sentia tranquila com a escolha do tipo de parto, humanizado, em ambiente hospitalar, principalmente porque dessa vez havia o acompanhamento da doula. Participei de alguns encontros do grupo Maternativa, conheci outras gestantes com o mesmo desejo, outras mães que haviam tido parto humanizado, e me fortalecia. Já às 36 semanas comecei a sentir contrações, e como não havia sentido isso na gestação anterior, me assustei. Mas eram somente as contrações de treinamento. O trabalho de parto viria somente as 40 semanas mesmo. Mais especificamente, 40 semanas e 1 dia. No dia 09 de Maio, acordei as 6 da manhã com contrações mais fortes e doloridas do que as dos dias anteriores... Comecei a cronometrar e estas vinham aproximadamente a cada 8 minutos. Esperei uma hora, pra ver se cessavam ou ritmavam, e percebi que João Vitor estava chegando. As contrações não cessaram mais. E ficavam mais fortes. Contudo, eu estava tranquila. Achava que demoraria muito ainda. Só avisei a doula por volta das 8 horas. Acordei meu marido as 9 h, e também avisei a Fabiana, amiga super querida que ficaria com o Giuseppe. Enquanto isso coloquei roupa na máquina de lavar, sentava na bola de pilates pra aliviar as dores na lombar e me acocorava durante as contrações. Só fui mandar mensagem para o médico as 10 horas. Mas não percebi que o trabalho de parto estava evoluindo depressa. As contrações rapidamente estavam vindo a cada 5 minutos, às vezes até menos. Quando a Andreia chegou em casa, eu estava embaixo do chuveiro quente, que aliviava muito as dores, mas já sabíamos que estava na hora de ir pro hospital. Ela ligou pro medico, e sorte a nossa, ele não estava de plantão em nenhum outro lugar naquele momento. Esperamos mais uns minutos pela chegada da Fabiana, e partimos rumo ao mesmo hospital onde nascera o Giuseppe, mas agora com nome de Hospital Maria José, do Grupo São Lucas. A ida para o hospital foi uma odisséia. Um tanto cômica até! Eu não conseguia ficar sentada, então, fui meio de bruços no banco da frente, virada pra trás. A Andreia vinha no carro atrás me acenando, me dando força. Ao chegar no hospital fomos atendidos muito rapidamente, e colocados no quarto. Enquanto meu marido enchia a piscina, eu só queria ficar de cócoras... O médico chegou ao hospital praticamente na mesma hora que a gente. Ao primeiro exame, uma surpresa muito boa: eu já estava com 9 de dilatação. João Vitor muito, muito perto. Mas as dores também aumentavam, e, como eu já imaginava que pudesse acontecer, pedi anestesia. Nesse momento a força, o apoio e carinho da Andreia e do dr Alcantara foram muito importantes. Me lembro do dr Alcantara segurando milhas mãos, me olhando nos olhos e dizendo "Thais, se você me disser que quer mesmo a anestesia, eu vou informar o centro cirúrgico, vamos fazer a anestesia. Mas eu tenho a impressão de que não é o que você deseja de verdade. Não é assim que você sonhou esse parto. Não foi isso que me disse nas consultas. Se você quiser mesmo, fazemos, mas eu acho que você consegue sem a anestesia". Então, eu senti uma força. Senti que poderia. Me lembrava das palavras da parteira mexicana Naoli Vinaver no documentário O Renascimento do Parto, "nós mulheres, sabemos parir. Nós mulheres, gostamos de parir". E fui pra piscina. Que ainda não estava cheia, mas só de ficar debaixo da ducha quente já sentia muito alívio. Enquanto a piscina enchia, contração após contração, eu já estava completamente na partolândia. Percebia apenas algumas coisas a minha volta. As palavras de incentivo da Andreia, o olhar tranquilo do Dr Alcantara, e o amor do meu marido. Tudo de que eu precisava eu tinha ali. Me concentrava nas respirações e me lembrava muito das orientações da psicóloga e educadora perinatal Celma na conversa de uma semana antes. E eu repetia baixinho pra mim mesma "respira, respira". Pra mim o tempo pareceu ser bem menor, mas fiquei na água umas 2 horas e meia, acho... Aí, um certo momento senti muita pressão embaixo. Vontade de fazer força. E ai eu respirava comprido, soprando o ar. E visualizava que estava "soprando" o bebe pra fora rsrsrs. Quando vinham as contrações eu já imaginava o bebê nos meus braços. E foi assim que umas quatro contrações depois, nasceu a cabeça, e na outra escorregou o corpinho. A sensação mais incrível que eu já senti na vida. Tomei nos braços aquele bebê quentinho, melecadinho e quase não acreditava. Meu filho. Ele quase não chorou. Só alguns resmungos, mas já abriu os olhos e ficamos nos olhando longamente. Segundos, ou minutos que duraram uma eternidade. Quando o cordão parou de pulsar o Dr Alcantara pinçou e deu a tesoura pro meu marido cortar. Ele nasceu as 14:23 do dia 09 de Maio, um sábado lindo e quentinho, mediu 49 cm e 3,420 kg. Ao som de "Daughter" do John Mayer. Só depois de curtir um tempinho esse momento mágico saímos da piscina, mas ainda fiquei com o João Vitor nos braços, e ele mamou um pouco. Teve somente um detalhe chatinho, mas que não apaga a delícia desse parto. A placenta não saía, e precisei ir pro centro cirúrgico tomar uma epidural pra retirá-la. Mas tive o carinho do Dr Alcantara me tranquilizando todo o tempo, equipe de enfermagem super atenciosa, e um anestesista também muito tranquilo. A recuperação do procedimento foi ótima, e em pouco tempo eu estava com meu bebê no colo novamente. Apesar de ele ter sido levado pro centro cirúrgico pra avaliação (pois o pediatra não pôde recebê-lo no quarto), nosso desejo de que o João Vitor não fosse banhado logo depois de nascer foi respeitado. Durante a primeira noite após o nascimento coloquei o bebê para mamar sempre que ele pedia. O colostro que é esse primeiro líquido excretado pelos seios após o nascimento é essencial para a imunidade do bebê, além de que a sucção estimula a descida do leite. No meu caso, o leite desceu na segunda de manhã, mais ou menos 40 horas após o parto. E cá estamos nós, curtindo esse cheirinho de recém-nascido pela casa, muito leitinho materno e muito, muito amor. Uma nova mãe, um novo pai, e cabe aqui a observação de que não sei como, mas consegui me apaixonar ainda mais por esse homem, (viu Josiel Rusmont), por esse meu marido, parceiro nas minhas escolhas, que não deixou que eu me sentisse sozinha em nenhum segundo de todo o processo. Um pai maravilhoso e que vive intensamente a paternidade! Nasce um irmão mais velho apaixonado pelo bebê. Claro que com as confusões próprias de um menino de 4 anos e 8 meses que acaba de receber um irmãozinho e terá que lidar com a divisão da atenção dos pais, mas que ganha um amigo pra vida toda. Nasce um bebê, nasceu João Vitor, no dia que ele escolheu pra nascer, com o respeito que um nascimento merece, com respeito ao ritmo, ao tempo necessário pra que sua chegada se completasse. Com muito carinho, nasceu uma nova família. ❤️

Um comentário:

Artes da Ro disse...

Estava pensando em vcs, escolhendo fotos para publicar algo no blog, senti uma imensa vontade de publicar a caixa que fiz para o Giuseppe, foi quando me deparei com o seu emociooonannnnte depoimento! Me emocionei, parabéns! Acredito que o bacana em nossa existência, é aprendermos e superarmos nossas esperiências psicológicas!Bjs fraternos a tds!Rosane